Contratação Sem Concurso Público: Nulidade do Contrato e Direitos do Trabalhador

19 de setembro de 2025

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Introdução à Contratação sem Concurso Público: Riscos e Consequências

Contratação sem Concurso Público

A contratação sem concurso público no serviço público é uma prática delicada que gera sérias repercussões para todos os envolvidos. A equipe da Barbieri Advogados alerta que, embora ocorram casos em que essa contratação pareça ser uma solução rápida para suprir demandas, ela representa uma violação clara dos princípios constitucionais que regem o funcionalismo público, como a legalidade, impessoalidade e moralidade. Você sabia que, nessas situações, tanto o empregado público irregular quanto a própria administração podem sofrer consequências legais significativas?

Além dos riscos jurídicos, o contrato firmado fora do devido processo pode acarretar insegurança na estabilidade do vínculo e ainda abrir precedentes para questionamentos legais. Portanto, é fundamental compreender não só os impactos para a gestão pública, mas também os direitos assegurados àquele que se torna um chamado “servidor de fato”, mesmo sem o respaldo formal do concurso.

No decorrer deste artigo, vamos aprofundar nas implicações que cercam essa contratação e explicar de que forma esses trabalhadores podem garantir seus direitos diante de um cenário aparentemente atuarialmente irregular. Caso queira saber mais sobre a defesa dos direitos de servidores, conheça como funciona o procedimento administrativo disciplinar, essencial para quem atua no setor público.

Ilustração da seção: O Fundamento Constitucional e sua Evolução

O Fundamento Constitucional e sua Evolução

Você sabia que a Constituição Federal de 1988 é clara ao garantir a ocupação dos cargos públicos mediante concurso? O artigo 37, inciso II, estabelece que a investidura em cargos e empregos públicos depende de aprovação prévia em concurso público, assegurando transparência e igualdade de oportunidades. Essa regra não apenas fortalece a moralidade administrativa, mas também protege o interesse público, evitando contratações arbitrárias e favorecimentos indevidos.

A importância dessa norma foi consolidada em uma decisão emblemática do Supremo Tribunal Federal (STF), no Mandado de Segurança nº 21.322/DF. Nessa ocasião, o STF reforçou que a exigência do concurso público é uma garantia constitucional inafastável, invalidando formas de contratação direta que burlassem os princípios constitucionais. Essa jurisprudência vem impactando diversos setores da administração pública, garantindo a observância do devido processo legal e combatendo irregularidades na contratação.

Esse entendimento do STF também serve de base para análises jurídicas em situações que envolvem empregado público em condição irregular. Portanto, conhecer essa evolução é fundamental para reconhecer a legitimidade das contratações e os direitos envolvidos no serviço público. Para quem busca entender as diferenças no regime jurídico, vale conferir nossa análise sobre Servidor Estatutário vs CLT.

A Súmula 363 do TST e suas Consequências Jurídicas

Você já ouviu falar na Súmula nº 363 do Tribunal Superior do Trabalho (TST)? Ela é fundamental para compreender a situação do denominado “servidor de fato”, isto é, aquele empregado público contratado sem concurso. Essa súmula reconhece direitos limitados a essas pessoas, reconhecendo o vínculo como inexistente em termos, mas assegurando o pagamento proporcional de salários e o direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Com isso, busca-se evitar o enriquecimento ilícito do poder público, mas também impedir total desproteção do trabalhador.

No entanto, outros direitos fundamentais, como férias remuneradas, 13º salário e recolhimento do INSS, são indeferidos. Essa distinção jurídica cria um cenário paradoxal para o trabalhador contratado sem concurso, que tem amparo restrito e necessita conhecer seus limites. Caso queira compreender melhor as diferenças entre regimes jurídicos, veja nossa seção sobre Servidor Estatutário vs CLT.

Assim, a Súmula 363 reforça a importância da exigência constitucional do concurso público, apresentada no artigo 37, inciso II, e diretamente relacionada à proteção do interesse público. Para quem trabalha ou atua na área pública, compreender essa súmula é essencial para entender os direitos que podem ser exercidos e aqueles que não têm respaldo legal.

Direitos Garantidos

Direitos Negados

Pagamento proporcional de salários

Férias remuneradas

Recolhimento de FGTS

13º salário

Reconhecimento indireto de vínculo para fins trabalhistas

Contribuição previdenciária / INSS

Imagem relacionada a: A Súmula 363 do TST e suas Consequências Jurídicas

Trabalho Proibido vs. Trabalho Ilícito

Você sabe qual é a diferença entre trabalho proibido e trabalho ilícito? Embora pareçam semelhantes, esses conceitos têm tratamentos jurídicos bastante distintos, especialmente quando falamos em empregado público. A contratação sem concurso público é um exemplo clássico de trabalho proibido, ou seja, é vedado pela Constituição e pela legislação específica, mas não configura necessariamente um ato ilícito passível de punição penal direta ao trabalhador.

Já o trabalho ilícito envolve uma atividade que, além de proibida, invade o campo do ilegal, como a prática de atos criminosos ou fraudes trabalhistas. No caso do servidor contratado sem concurso, a ilegalidade reside na forma como foi contratado, não na prestação do serviço em si. Por isso, a própria Súmula 363 do TST limita direitos e reconhece apenas parcialmente o vínculo, buscando equilibrar essa situação.

A título de comparação, a Súmula 386 do TST esclarece quando o vínculo empregatício será reconhecido em situações similares. De acordo com esse entendimento, se houver prestação de serviços efetiva e habitual, ainda que irregular a contratação, o vínculo pode ser reconhecido integralmente, garantindo todos os direitos trabalhistas. Isso mostra que nem todo trabalho proibido deixa de gerar direitos ao trabalhador.

Trabalho Proibido

Trabalho Ilícito

Vedado legalmente (ex.: contratação sem concurso público)

Atividade ilegal, crime ou fraude (ex.: trabalho em condições desumanas)

Reconhecimento parcial do vínculo possível

Reconhecimento integral do vínculo e possíveis sanções penais

Direitos restritos, conforme Súmula 363

Direitos trabalhistas completos assegurados pelo TST

Fica claro, então, que a situação do servidor contratado sem concurso merece atenção especial para que seus direitos sejam compreendidos nas limitações e possibilidades previstas. Para quem interessa se aprofundar na carreira pública, também vale conferir nosso conteúdo sobre Advocacia Especializada para Servidor Público Estadual, que trata das nuances jurídicas do vínculo empregatício no serviço público.

Ação do Ministério Público do Trabalho

Você sabe qual é o papel do Ministério Público do Trabalho (MPT) ao identificar contratações sem concurso público? Sua atuação é essencial para garantir que os direitos do empregado público sejam respeitados, atuando como fiscal da legislação trabalhista e promotora da legalidade no serviço público. Quando detecta irregularidades, o MPT pode intervir para corrigir as práticas irregulares e prevenir prejuízos aos trabalhadores e à Administração.

Dentre os principais instrumentos utilizados pelo MPT destaca-se o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Com ele, o órgão propõe um acordo extrajudicial para que a entidade pública regularize as contratações irregulares, evitando medidas judiciais e promovendo a adequação voluntária das práticas. Caso a recomendação não seja cumprida, o Ministério pode recorrer à Ação Civil Pública, visando a responsabilização judicial e a proteção coletiva dos direitos do empregado público.

Principais formas de atuação do MPT

Instrumento

Descrição

Objetivo

Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)

Acordo extrajudicial para corrigir irregularidades

Regularizar contratações e evitar litígios

Ação Civil Pública

Pedido judicial para cessar irregularidades

Garantir direitos coletivos do empregado público

Essa atuação contribui significativamente para a proteção do trabalhador público, especialmente em situações onde o diálogo e o acordo não são suficientes. Se quiser entender melhor os procedimentos internos que envolvem servidores públicos, veja nosso guia completo sobre Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).

Nunca é demais lembrar que, embora a atuação do MPT seja fundamental para a fiscalização, o empregado público também precisa estar atento aos seus direitos e à forma correta de contratação. Por isso, buscar conhecimento e suporte jurídico especializado pode fazer toda a diferença no momento de lidar com essas situações delicadas.

Situações Específicas de Irregularidade sem Vínculo Empregatício

Você sabia que existem situações irregulares que não geram vínculo empregatício, mesmo quando há contratação sem concurso público? É o caso, por exemplo, do estágio desvirtuado. Embora destinado a complementar a formação acadêmica, quando as atividades cumpridas se assemelham a um trabalho comum, o estágio pode ser caracterizado como irregular, sem, contudo, configurar vínculo de emprego.

Outro exemplo diz respeito à nomeação de oficiais de justiça ad hoc. Em determinadas circunstâncias, esses profissionais são designados temporariamente, com funções específicas e por prazo limitado, o que impede a configuração de vínculo trabalhista. Tais nomeações devem estar bem justificadas para não serem interpretadas como contratações irregulares.

Além desses casos, é importante destacar as decisões judiciais que envolvem as entidades do Sistema ‘S’. Diferentemente do serviço público tradicional, essas instituições possuem regime próprio que, em algumas situações, pode admitir formas diversas de prestação de serviços, ainda que haja irregularidades aparentes. Essa particularidade torna o tema complexo e requer análise especializada para entender os reflexos nas contratações.

Situação

Característica

Vínculo Empregatício?

Estágio Desvirtuado

Atividades equivalentes a trabalho comum

Não

Nomeação de oficiais de justiça ad hoc

Designação temporária para função específica

Não

Entidades do Sistema ‘S’

Regime próprio com exceções específicas

Depende do caso

Por fim, ficar atento a essas particularidades é fundamental para quem atua com direitos do empregado público. Em casos de dúvidas ou necessidade de defesa, procure orientação especializada, especialmente para compreender os limites entre irregularidade e vínculo, sempre considerando as nuances de cada situação. Para quem quer ampliar o conhecimento, o guia sobre servidor estatutário e regime jurídico pode ser um bom ponto de partida.

Implicações Práticas e Orientações para Gestores e Trabalhadores

Gestores públicos precisam estar atentos às obrigações que envolvem a realização de concursos e ao dever de relatar qualquer irregularidade nas contratações. Afinal, evitar contratações sem concurso é fundamental para garantir transparência e legalidade na administração pública. Dessa maneira, a prevenção contribui para a segurança jurídica do órgão, além de reduzir riscos de responsabilização administrativa e judicial.

Para atuar corretamente, esses profissionais devem implementar processos rigorosos de fiscalização e, quando identificadas falhas, encaminhar os devidos relatórios conforme previsto em normas internas e legislações específicas. Essa postura não apenas resguarda a instituição, mas também preserva os direitos dos envolvidos.

Já para o trabalhador que se encontra em situação irregular, é importante compreender que os direitos são limitados, embora existam meios administrativos e jurídicos para buscar soluções. Sendo assim, aconselha-se que busque orientação especializada para analisar cada caso com cuidado, podendo recorrer a procedimentos como revisão contratual ou a defesa em processos administrativos, eventualmente com apoio da defesa em procedimentos administrativos.

Perfil

Principais Obrigações / Direitos

Medidas Recomendadas

Gestores Públicos

Realização de concursos públicos e relato de irregularidades

Implementar fiscalização rigorosa e elaborar relatórios formais

Trabalhadores em situação irregular

Direitos limitados, sem vínculo empregatício garantido

Buscar orientação jurídica, revisão contratual e defesa administrativa

Nunca deixe de avaliar com cuidado cada situação, pois o universo do empregado público é repleto de particularidades que exigem atenção especial. Para aprofundar sua compreensão sobre as diferenças de regime e os direitos de servidores, recomendamos a leitura detalhada sobre advocacia especializada para servidor público estadual, que pode ajudar a identificar os caminhos mais adequados em cada circunstância.

Conclusão

Em suma, o cumprimento rigoroso das exigências constitucionais para a realização de concursos públicos é fundamental para evitar violações que comprometem a transparência e a eficiência da administração pública. Ao garantir a observância dessas normas, não apenas se fortalece a legalidade do processo seletivo, mas também se protege a integridade do empregado público, que, mesmo com direitos limitados em algumas situações, deve ter seus direitos respeitados conforme a legislação vigente.

Você já parou para pensar na importância desse equilíbrio? Afinal, o respeito às normativas legais assegura que todos os envolvidos tenham segurança jurídica e que os órgãos públicos mantenham sua credibilidade perante a sociedade. Por isso, gestores devem seguir à risca as recomendações para evitar irregularidades, contando com suporte especializado para orientar seus procedimentos.

Do mesmo modo, trabalhadores têm à disposição mecanismos para resguardar seus interesses, como a defesa em processos administrativos – recurso eficiente para quem busca segurança e justiça. Para compreender melhor essas medidas e como atuar em cada caso, vale a pena conferir conteúdos que abordam o regime jurídico municipal e a advocacia para servidores públicos municipais.

Portanto, respeitar as exigências constitucionais é o caminho para um serviço público justo, eficiente e seguro. E, se você ainda tem dúvidas sobre seus direitos ou obrigações, saiba que nosso time está sempre pronto para prestar a melhor orientação, contribuindo para a estabilidade e a transparência no âmbito da administração pública.